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O sol é para todos Revista Construção Metálica, Edição 124 - Abril 2017, 16/02/2018

Opção limpa, renovável e acessível, a energia solar ganha espaço na matriz energética brasileira e cria novos mercados

A geração de energia solar ainda é insignificante no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o País possui 4.659 usinas geradoras de energia, que incluem várias fontes (biomassa, hidrelétrica, eólica, fóssil, nuclear), mas apenas 42 delas são solares fotovoltaicas. E elas geram apenas 0,0143% do total de 151,6 GW de potência instalada. Diante de números tão acanhados, a boa notícia está no futuro. O País terá nos próximos anos, de acordo com a Aneel, a adição de 9,2 GW (240 usinas) de potência instalada, sendo 6,6% dela proveniente de usinas solares. Com potência outorgada, mas sem obras iniciadas, estão outras 572 usinas (15,4 GW), sendo 90 delas de energia fotovoltaica, o que corresponde a 15,32% da potência.

Mas o mercado promete ser ainda maior. Em janeiro último, a Aneel estimou que a energia solar vá responder por 15% da matriz energética brasileira até 2024 e movimentar cerca de 100 bilhões de reais até 2030. “A estimativa da Aneel realmente é essa. Mas ela contempla os investimentos em Geração Concentrada (GC), de usinas geradoras com potências maiores que 5 MW, e em Geração Distribuída (GD), que trata dos investimentos de pequeno porte (menores que 5 MW), resultado de iniciativas pontuais, como indústrias, shopping centers, condomínios residenciais etc.”, explica o engenheiro Luiz Carlos Caggiano Santos, vice-presidente da Brafer Construções Metálicas. No caso dos investimentos em GC, decorrentes dos Leilões de Reserva (LER), em que o governo compromete-se a comprar a energia gerada durante 25 anos, o dirigente lembra que os leilões são realizados desde 2014 e os primeiros parques estão em construção. “Os primeiros despachos de energia gerada devem ocorrer já em agosto de 2017”, diz.

Trata-se de uma nova oportunidade de mercado, que a indústria nacional de construção metálica procura atender. Embora não existam barreiras para a produção de componentes no Brasil, a tecnologia hoje é importada, devido principalmente ao preço do aço no mercado interno. “É possível importar essas estruturas atualmente com diferença em torno de 15% em favor da importação. O preço do aço no Brasil, em dólares, é significativamente mais alto que no mercado internacional”, observa Caggiano Santos.

Para atuar no mercado de GC, a Brafer associou-se ao Grupo Clavijo, da Espanha, a quem cabe o fornecimento das estruturas móveis (trackers) - seguidores solares de um eixo horizontal com multifilas ou monofila. O grupo espanhol detém mais de 1,2 GW de potência instalada em todo o mundo, metade dela em estruturas móveis. As peças importadas, que correspondem a aproximadamente 20% do valor total, integram a estrutura completa produzida no Brasil pela Brafer, que assume também a entrega no sítio do projeto e as garantias do sistema.

Geração Distribuída

Outro vetor de crescimento da energia solar vem da Geração Distribuída, viabilizada no País pela Resolução 482/2012 da Aneel. A medida criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, que permitiu aos consumidores investirem em sistemas próprios de geração de energia e, inclusive, prover o sistema concessionário com a energia excedente, não utilizada pelo produtor. Em 2015, a Resolução 687, que passou a vigorar em março de 2016, estendeu os benefícios do sistema a outros usuários, como cooperativas e consórcios (geração compartilhada). Assim, em apenas quatro anos de regulamentação, a energia solar vem dando saltos de produção, a ponto de a Aneel estimar que, até 2024, o País terá cerca de 1,2 milhão de geradores de energia solar instalados em casas e empresas.

Diferentemente da Geração Concentrada, que é instalada no solo, em grandes parques, e consome algo em torno de 70 t de aço por MW, a Geração Distribuída visa a produção de energia em pequena escala. A estrutura de aço ou alumínio, neste caso, pode ser instalada em telhados, terraços, lajes, solo ou estacionamentos, o que for mais conveniente ao produtor/consumidor. As instalações também independem de ações governamentais. “Os projetos de Geração Distribuída são incentivados no aspecto fiscal com isenções de ICMS; no aspecto operacional, em harmonia com as distribuidoras de energia; e por meio de financiamentos dos bancos oficiais. O potencial, neste caso, é muito grande em função da capilaridade no mercado”, avalia Caggiano Santos.

Adesão

Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo têm se destacado na adoção da Geração Distribuída, mas outros Estados buscam aproveitar melhor as vantagens potenciais da energia renovável. No Paraná, por meio de uma portaria do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o governo regulamentou em fevereiro último as regras para o licenciamento de uso de energia solar no Estado, estratificando as exigências de acordo com a potência a ser instalada. A medida deve beneficiar principalmente o setor agrícola.

Em Goiás, o governo estadual lançou um programa para estimular o uso de energia solar, isentando pequenos e micro geradores e consumidores de energia solar do recolhimento do ICMS. Apoiado em uma série de incentivos, o programa pretende ampliar as linhas de crédito para financiamento dos projetos, simplificar o licenciamento ambiental e adotar placas solares nas moradias de programas habitacionais e em prédios públicos.

No Ceará, a GD conta desde meados de 2016 com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que criou uma linha de crédito para financiar a micro e mini geração distribuída de energia elétrica. O FNE Sol destina-se a empresas de todos os portes e setores, produtores e empresas rurais, cooperativas e associações. Podem ser financiados sistemas completos envolvendo geradores de energia, inversores, materiais auxiliares e instalação. “Essas condições favoráveis para a aquisição de painéis solares, principalmente com parcelamento e juros subsidiados, têm favorecido a procura por sistemas fotovoltaicos”, diz o empresário Jesus Hernandez, da Hispano Estruturas Metálicas, que fornece as estruturas de geração fotovoltaica no mercado de Fortaleza e região. “A energia economizada paga o investimento”, acrescenta.

Energia solar fotovoltaica x energia solar térmica

Existe uma diferença quando se trata de sistemas de geração de energia solar. A tecnologia fotovoltaica, responsável por proporcionar uma alternativa limpa e renovável de geração de energia elétrica, converte diretamente os raios solares em eletricidade. Trata-se de uma opção acessível e de manutenção mínima para reduzir os gastos com eletricidade.

A energia solar térmica (aquecedor solar), por sua vez, usa o calor do sol para aquecimento de água. O sistema possui coletores (placas) ou tubos para captar o calor do sol e aquecer a água, que fica armazenada em reservatórios (boilers), para distribuição posterior. As placas não geram eletricidade, embora contribuam para a redução do consumo de energia.


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