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Construção a seco com LSF é a solução mais viável para resolver o déficit habitacional no Brasil ABCEM, 16/07/2020

O Informativo da Indústria da Construção Metálica – News ABCEM – nesta edição, entrevista o diretor comercial da Santo André Distribuidora Industrial, Fábio Luís de Gerone, que apresentou a websérie Introdução ao Light Steel Frame, no canal da empresa, no Youtube.

Foram 16 episódios, onde o diretor falou e demonstrou cases de sucesso em outros países com a construção a seco; explicou as diferenças entre Steel Frame e Light Steel Frame, Woodframee Drywall. 

As aplicações do Steel Frame e Light Steel Frame, os diversos componentes desse tipo de construção a seco, fundações, instalações elétricas e hidráulicas, fachadas e fechamentos, mezaninos, escadas, cálculos, entre outros assuntos, foram explicados nesta websérie, que foi finalizada com um caso prático: etapa por etapa da construção de uma farmácia em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

ABCEM - O senhor encerrou essa semana awebsérie Introdução ao Light Steel Frame, que conta com 16 episódios. Qual o objetivo?

GERONE - Nossa missão é o desenvolvimento da construção a seco no Brasil. A ideia é, ao invés de ficar se lamentando que o Brasil é um país atrasado e por isso tem um sistema arcaico de construção, e, portanto, não posso me desenvolver por esse limite, é se perguntar o que eu posso fazer para mudar esse quadro? Então decidi, fazer do limão azedo não apenas uma limonada, mas uma caipirinha. Aproveitar que estou com tempo disponível nesse momento difícil de Covid, e ajudar a desenvolver o mercado.  Dessa forma, mais adiante isso pode voltar para meu benefício e me facilitar a vender meus produtos de LSF que eu tanto acredito.

ABCEM - Como surgiu está ideia?

GERONE - Foi a partir de uma conversa que aconteceu no final da entrevista que eu fiz para o Acamon Cast. Nós ficamos fazendo um quadro dos gargalos que impediam o LSF de se desenvolver. E ficou claro para todos que o maior limitante não era a crise econômica, mas sim a falta de qualificação dos profissionais da construção. 

Os estudantes de engenharia e arquitetura são totalmente preparados para a construção em alvenaria armada, mas muito pouco qualificados para a construção a seco e industrializada. Por outro lado, alguns profissionais da construção a seco se colocam em uma posição de superioridade, e criam um conceito de complexidade do sistema que apenas pode ser resolvido com a sua participação. Eu, de forma alguma, corroboro com essa ideia. A construção a seco não é para amadores, mas também não uma ciência parecida com a engenharia espacial, que só pode ser resolvida pela NASA; muito pelo contrário, é um processo preciso, mas bastante simples. O que eu quis transmitir para o mercado é isso.

ABCEM - Qual o público alvo?

GERONE - Engenheiros, arquitetos e principalmente os construtores. Foquei em quem toma as decisões nas obras. Pouca gente está falando para esses profissionais que vão gerar novas demandas para o sistema. Minha percepção é de que fui muito feliz nesse sentido, pois os comentários vieram justamente desse pessoal.

ABCEM - Quais os sistemas existentes de construção a seco? Qual a aplicabilidade de cada um desses sistemas?

GERONE - Temos o Steel Frame (joist e também os sistemas mais pesados), o Woodframe, drywall, e o Light Steel Frame.

O Steel Frame é aplicado para construção com vão livres maiores e multi pavimentos acima de3 andares (isso no Brasil, pois fora já temos até 5 pavimentos). 

O woodframe ficou mais restrito aos EUA, eles dizem que é por custo, mas a minha percepção é que, na verdade, é por uma questão cultural e histórica. Fora do mercado norte-americano o problema da manutenção (cupim, etc) e a questão ambiental pesa na decisão do consumidor contra esse sistema e, portanto, é pouco difundido fora desse mercado específico.

O drywall é, na verdade, um subsistema do LSF que se desenvolveu separadamente pela necessidade de redução de cargas e de particionamento de ambientes.

E, finalmente, o LSF que tem um ótimo custo/benefício e agrega todas as condições para se tornar o principal sistema construtivo em nível mundial para residências e construções com vão livres pequenos.

ABCEM - A construção a seco é mais cara?

GERONE - De forma alguma, é uma questão de busca de escala para que o sistema fique mais econômico, o que já está acontecendo no Brasil. Pelo fato de ter muito menos desperdício e melhor produtividade não tem como ser mais caro.

ABCEM - E quanto à durabilidade?

GERONE - Também é bastante longevo. A primeira construção de 1933 feita nos EUA ainda está lá de pé, forte e firme. Assim como toda construção, ela precisa de manutenção adequada, respeitando-se isso, o sistema excede em muito as expectativas.

ABCEM - Qual é o percentual de desperdício em uma obra convencional? E na construção a seco?

GERONE - Em uma construção convencional o desperdício gira entre 30% a 50%. Na construção a seco não deve ultrapassar os 5%.

ABCEM - Comparando a construção a seco a uma obra convencional, qual é mais rápida?

GERONE - Essa é uma das principais vantagens do sistema, o LSF é muito mais rápido e mais previsível. Enquanto a construção convencional de uma residência no Brasil costuma durar em média 9 meses. Na construção a seco esse prazo é 3 vezes menor, nossa média é 3 meses.

ABCEM - Referente à segurança da estrutura, a construção a seco é resistente?

GERONE - Esse é o maior paradigma a ser enfrentado, a segurança do sistema é excelente, mas a percepção do cliente não costuma ser essa. Eu sempre digo que é a “síndrome dos Três Porquinhos”, nos foi embuído que deveríamos morar em uma casa de tijolos para que o lobo mau não derrube a nossa casa. Mas assim como aconteceu no Chile, Austrália, Japão, etc; com o tempo, as pessoas vão tomar ciência que o sistema funciona e é muito seguro.

ABCEM - Como funciona a acústica na construção a seco?

GERONE - Esse é outro ponto forte do sistema. Ele já nasceu bem feito, e as ferramentas para soluções acústicas que o LSF possui são incríveis. 

O que temos que observar é que deve-se planejar a construção também a partir dessa perspectiva de desempenho acústico. Meu receio é justamente que, por uma questão de redução de custo, sejam produzidas péssimas construções e esse quesito fique comprometido. Lembro do caso dos gesseiros que não instalam as lãs nas paredes de drywall para fazer uma economia medíocre, se isso se repetir no LSF podemos sacrificar o modelo. Temos que estar atentos para que isso não aconteça. Mas uma vez sanado esse particular, será um grande ganho de conforto para a consumidor brasileiro a adoção do sistema. Podemos observar isso quando viajamos e comparamos nossas construções com as do mundo desenvolvido.

ABCEM - Quais os tipos de fechamentos podem ser utilizados na construção a seco, tanto externos e internos?

GERONE - São bastante variados e dão muito mais liberdade de criação aos arquitetos. Podem ser: desde a tradicional pintura ou textura, até as placas aparentes, os sidings, podem ser peças metálicas com madeira, enfim, não faltam soluções de variedades nesse quesito, tanto nos fechamentos internos quanto externos.

ABCEM - Quais os tipos de fundações utilizadas na construção a seco?

GERONE - 90% das vezes os radiers resolvem o problema de forma econômica e eficaz. Mas quando temos aclives/declives, outras fundações aparecem, com destaque para o baldrame. 

ABCEM - As instalações elétricas e hidráulicas são diferentes na construção a seco?

GERONE - Não são diferentes, podemos usar os mesmos materiais que a construção convencional. Mas o conceito industrializado que permeia o sistema nos faz perguntar se não podemos melhorar também nesse quesito, e aí sistemas mais desenvolvidos como, por exemplo, o PEX, ganham relevância.

 

ABCEM - Como se dá a cobertura na construção a seco? Quais os tipos?

GERONE - Também aqui podemos usar os mesmos materiais que a construção convencional. Não existem limites para utilização dos mais variados modelos de telhas. O sistema leva ainda a vantagem de poder fazer telhados quase planos e amplos com custo muito mais interessante que a construção armada.

ABCEM - Quais os tipos de estruturas utilizadas para mezaninos e escadas na construção em Light Steel Frame?

GERONE - Para mezaninos temos e a estrutura vigada ou treliçada em que podemos utilizar tanto painéis OSB como painéis Wall. Podemos ainda utilizar o steel deck (que é um sistema incrível, mas não me agrada particularmente quando associado ao LSF). 

Nas escadas temos também as vigadas e as estruturadas para se ficar no básico, mas sem limites de utilização dos mais diversos modelos (em balanço, etc.) e materiais: vidros, madeira e muitos outros.

ABCEM - Como é feita a montagem e cálculo na construção a seco?

GERONE - O cálculo quase sempre é feito a partir de softwares de cálculo estrutural que utilizam a técnica de elementos finitos, e a disposição final do particionamento da estrutura, leva em conta a facilitação da montagem. O sistema panelizado hoje, na minha perspectiva, é uma grande vantagem e pode ainda evoluir mais e se transformar em um sistema modular ganhando assim ainda mais eficácia.

ABCEM - Quais a vantagens da construção a seco?

GERONE - São muitas: maior velocidade, menor custo, menos desperdício, mais sustentável, maior previsibilidade, facilidade de manutenção, maior flexibilidade na reforma, isso só para mencionar as vantagens mais impactantes.

ABCEM - Em quais países a construção a seco é utilizada? 

GERONE - Os países de cultura anglo-saxônica são os mais evoluídos. Os destaques são EUA, Canadá, Austrália, Japão, que executam mais de 90% de construção a seco no segmento residencial. Na Europa: Alemanha, Suécia e Reino Unido. E na América do Sul o destaque fica para o Chile que já consome mais LSF que o Brasil mesmo com uma população dez vezes menor.

ABCEM - Quais os mitos que impendem o desenvolvimento desse sistema construtivo no Brasil?

GERONE - Boa pergunta, tem a “síndrome dos Três Porquinhos” como citei acima. Tem o mito de que você pode atravessar a paredes de um lado para outro com um empurrão. Enfim não faltam desculpas infundadas se objetivo é justificar o desconhecimento do sistema para desqualificá-lo. Mas, felizmente isso está desaparecendo de uma forma muito rápida.

ABCEM - Apesar de ainda estar engatinhando no Brasil, onde a construção a seco é mais utilizada?

GERONE - Temos um grande crescimento nas construções comerciais e industriais de pequeno porte, mas também nas construções residenciais, que possuem o maior potencial de crescimento de todo o mercado. Regionalmente, o Sul está muito mais desenvolvido que o resto do país, por questões de cunho cultural. E agora a região Sudeste começa a ganhar bastante força.

ABCEM - Como a construção a seco, em especial, Light Steel Frame, pode contribuir neste momento atual de pandemia e num futuro próximo?

GERONE - Eu aposto nisso. Não vou nem falar da necessidade de distanciamento social, só quero mencionar o desafio de melhorarmos a qualidade da moradia do brasileiro (não temos nem mesmo saneamento básico em 40% das residências), o déficit habitacional brasileiro é enorme, somados a juros baixos e a necessidade de reativarmos a economia, acho que o momento e futuros próximos para o LSF são muito bons.

ABCEM - O senhor acredita que a construção a seco resolveria parte do problema do déficit habitacional no Brasil?

GERONE - Definitivamente. E o melhor é que podemos resolver esse problema com um impacto ambiental muito menor e mais rapidamente com a construção a seco.

ABCEM - Fique à vontade para mais considerações.

GERONE – Quero agradecer a News ABCEM pela oportunidade de expor nosso trabalho e ajudar a desenvolver a construção a seco no Brasil, e quero incentivar o construtor audacioso a buscar essa alternativa como forma de desenvolver a habitação tão necessária ao Brasil do nosso momento e que ele possa colher junto com essa iniciativa, o seu próprio desenvolvimento pessoal. A ideia é criar esse ciclo virtuoso que promove o desenvolvimento de todos. Essa é a NOSSA missão.


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